Após anos e anos de discussão entre economistas, psicólogos e políticos algumas razões para este paradoxo parecem emergir. A conclusão principal é de que precisamos de medidas subjectivas de bem-estar e felicidade e de políticas que as tomem em consideração. As críticas às medidas tradicionais, de cariz mais objectivo mas algo dissociadas das percepções subjectivas de bem-estar das populações, levam alguns autores a sugerir que o melhor seria, em termos de medirmos correctamente o bem-estar de uma sociedade, simplesmente abolir o PIB , ou seja deixarmos de o utilizar como indicador primordial de prosperidade de um país (o que não quer de todo sugerir que deixemos de criar riqueza)!
A fortalecer este "movimento" estão desenvolvimentos recentes na Psicologia, onde nomes como Martin Seligman se notabilizaram por tentarem dar um impulso à Psicologia Positiva. No fundo a ideia passa por defendermos que não basta, aos psicólogos, entender como tratar uma pessoa que está, em termos de bem-estar, num estado negativo trazendo-a para um estado de bem-estar neutro. É preciso, cada vez mais, saber como aumentar o bem-estar dos cidadãos e contribuir para um verdadeiro crescimento do bem-estar.
Mas a ideia é já levada muito a sério por economistas. Economistas comportamentais como George Loewenstein (professor na Carnegie Mellon University de Economia e Psicologia) ou Daniel Kahneman (professor de psicologia em Princeton e prémio Nobel da Economia em 2002 têm sido unânimes
na necessidade de voltarmos a encarar a utilidade como um conceito hedónico, isto é como um prazer psicológico, regressando a uma definição de utilidade já defendida no séc. XIX pelo filósofo Britânico Jeremy Bentham. Uma consequência directa deste regresso Bentham e da rejeição de que os agentes económicos tomam decisões apenas motivados por incentivos privados (isto é, a ideia de que os seres humanos são naturalmente egoístas) criou a a necessidade de medirmos e basearmos decisões económicas em conceitos subjectivos de bem-estar.
Daniel McFadden (professor de Economia na Universidade de Berkeley e laureado com o prémio Nobel da Economia em 2000), numa aula que deu em 2005 no Econometric Society World Congress em Londres concluía que é necessário incorporar noções de altruísmo, normas sociais e culturais e mesmo estudar o cérebro humano por forma a descobrirmos as origens das nossas escolhas.
O Economista Richard Layard, da London School of Economics, também concorda que o fim último da política económica (e social) deve ser tornar a população mais feliz, o que implica termos de medir a felicidade. Num livro beilhante que publicou em 2005 - Happiness: Lessons from a New Science - Layard sintetiza os fundamentos desta nova ciência (multi-disciplinar, felizmente!!) da felicidade e os factos referidos na introdução deste post. Layard também descreve as mais recentes formas de medir, de uma forma tão objectiva quanto possível, quão felizes são os cidadãos.
Não creio que devamos abolir medidas objectivas de riqueza e "bem-estar económico" como o PIB ou produtividade. No entanto, quando até economistas como Alan Greenspan e Alan Krueger defendem que percepções e o bem estar subjectivo dos agentes nos podem ajudar muito a prever a evolução económica, parece uma boa ideia recolher estas medidas, ainda que subjectivas, de forma regular para complementarmos as nossas análises económicas com as preferências da sociedade e dos cidadãos. Acima de tudo, ainda temos muito para compreender nesta nova "ciência" da felicidade. Mas é preciso deitar mãos à obra e criar teorias, descobrir padrões empíricos e criar conhecimento capaz de ajudar na tomada de decisões políticas que satisfaçam as necessidades e valores da população.
Algumas referências interessantes:
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