sexta-feira, maio 05, 2006

Libertarian Paternalism



Photo Source: Thanks to Todd Klassy for making this photo available in Flickr.com

Apesar de todas as interessantes descobertas da Economia Comportamental, existem alguns riscos associados a recomendações políticas feitas a partir desta abordagem. Um artigo do Economist ("The new paternalism - The avuncular state", Economist 6/04/2006) não critica a relevância das anomalias documentadas pelos Ecomistas Comportamentais mas, no entanto, alerta para a tentação de propôr formas "paternalistas" de salvar os cidadãos dos seus erros (dando como exemplos o caso da escolha das pensões dos trabalhadores, entre outros). Mas este é um paternalismo liberal que deve manter as liberdades dos indíviduos, apenas usar previsões dos seus erros sistemáticos para melhorar as suas decisões.

Citando o artigo:

"Should liberals object to schemes of this kind? Perhaps not. By helping people to make forward-looking decisions for themselves that they cannot easily renege on later, they enlarge their freedom, making it possible for them to do things they otherwise could not do. Giving Ulysses the rope with which to lash himself to the mast adds to his choices."


No entanto, alguns Economistas (ver, por exemplo, Cato Institute) duvidam dos benefícios de intervenção governamental em favor do "nosso decisor de longo prazo" e contra as nossas "vontades de curto prazo". Importa, no entanto, referir que, ainda com riscos associados, o Libertarian Paternalism é bem mais liberal que grande parte das decisões políticas Europeias e mesmo Norte-Americanas. Por exemplo, um Economista Comportamental sugerirá maneiras de parafrasear uma mensagem (por exemplo um médico dizer a um paciente que 90% dos doentes sobrevivem a certa intervenção versus 10% falecem pode ter efeitos muito grandes), mas, na minha opinião, baseado apenas na teoria não sugerirá jamais demasiadas proibições a fumar... são outros os fundamentos que motivam essa regulação.

Algumas destas ideias têm sido adoptadas, por exemplo, nas campanhas e políticas anti-tabaco. Edward Glaeser alerta para alguns riscos do que ele prefere chamar "paternalismo suave" (ver "Paternalism and Psychology"), nomeadamente, a criação de impostos psicológicos que, de facto, podem reduzir a procura de bens indesejáveis (por exemplo tabaco), impondo custos emocionais aos fumadores (ou potenciais fumadores) sem o correspondente aumento de receitas públicas, podendo ainda fomentar políticas demasiado paternalistas...

Aproveito para citar as principais preocupações de Edward Glaeser (2006):

Soft paternalism is an emotional tax on behavior
that yields no government revenues.


Soft paternalism can cause bad decisions just as
easily as hard paternalism


Public monitoring of soft paternalism is much more
difficult than public monitoring of hard paternalism.


Although hard paternalism will be limited by public
opposition, soft paternalism is particularly attractive because it
builds public support.


Soft paternalism can build dislike or even hatred of
subgroups of the population.


Soft paternalism leads to hard paternalism.

Soft paternalism complements other government
persuasion.



Ele próprio, no entanto, reconhece que as ideias estão para ficar e são úteis para a compreensão do comportamento humano e, como tal, podem produzir resultados importantes (por exemplo comportamentos auto-destrutivos como consumo de drogas e tendências suicidas). Na minha opinião, a questão é saber intrepretar os resultados da Economia Comportamental sem cair na tentação de pensar que mais Estado ou intervenção é o caminho para aplicar estas novas ideias na melhoria das decisões individuais. Manter as liberdades individuais é essencial.

Devemos usar, como guia, o comportamento que todos preferiríamos caso escolhessemos calmamente, com toda a informação e sem limites à nossa racionalidade. Neste sentido, as descobertas dos "Comportamentais" podem ser utilizadas para informar as pessoas dos erros clássicos de quem pretende seguir "o caminho óptimo"!

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